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Matéria - Mariana

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O Estado Mineiro

Texto e fotografia: Marcelo JB Resende. REPRODUÇÃO PROIBIDA.



No dia 16 de julho de 1696 a Bandeira comandada por Salvador Fernandes Furtado de Mendonça fixou uma base nas margens de um ribeirão denominado "do Carmo". Acompanhado de alguns homens, dentre eles Miguel Garcia, percebeu a existência de considerável quantidade de ouro na região, denunciada pelo pó amarelo encontrado no leito e fundo do rio. Foi erguida uma capela. Nascia Mariana, uma menina plebéia que depois se tornaria rainha.




O primeiro arraial foi Ribeirão do Carmo, depois se sucederam outros como Camargos, Furquim, Cachoeira do Brumado, Bento Pires etc. Toda a região se revelaria uma imensa reserva de ouro, atraindo um grande número de pessoas. Vila Rica (atual Ouro Preto), Catas Altas, Sabará, Ouro Branco, Caeté, Congonhas, além do próprio arraial, produziam fortunas. Cresceu o olho da Coroa, que decidiu agir rápido e energicamente. A Guerra dos Emboabas, entre paulistas e portugueses, acelerou a tomada desta decisão. Determinou que o Capitão Antônio de Albuquerque se dirigisse à região. Em 1711 o arraial foi elevado à vila, a primeira de Minas, e nela se estabeleceu a capital da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, criada em 1709. A sede administrativa permanecia em São Paulo do Piratininga.



Pelourinho instalado defronte à Casa da Câmara.

Em 1720 Minas foi desmembrada de São Paulo e a Vila Rica de Albuquerque determinada a nova capital da província. A Vila Real do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo não perderia a importância e em 1745 seria elevada à cidade, com o nome de Mariana. Para elaborar um projeto urbanístico para a nova cidade foi contratado o brigadeiro José Fernandes Pinto de Alpoim. O experiente engenheiro militar tinha em seu currículo diversas obras executadas no Rio de Janeiro, capital da Colônia. Tomava forma a primeira cidade planejada de Minas, com ruas em linha reta e praças retangulares.

 

Mariana cumpria mais uma vez com sua vocação. Mas não era só. Ainda em 1745 o Papa Bento XIV fez de Mariana a sede do primeiro Bispado de Minas Gerais, desmembrado da diocese do Rio de Janeiro. Veio do Maranhão o bispo D.Frei Manoel da Cruz, tomando posse na Sé Catedral em 1748. Por este fato Mariana é considerada também berço da religiosidade mineira. A elevação para Arcebispado se deu em 1906.


Toda a viagem do bispo, do Maranhão até Mariana, entrou para a história como uma das maiores epopéias empreendidas até então pelo interior do Brasil Colônia. D.Manoel preferiu não enfrentar o mar. O longo percurso por terra durou 14 meses, envolvendo uma comitiva de muitos homens. Os perigos e dificuldades tinham presença constante: a aridez do sertão, rios selvagens, índios vorazes, doenças, chuvas torrenciais... O bispo era muito bem recebido pelo caminho. Pelas pequenas e perdidas comunidades por onde passava todos queriam conhecê-lo. Nunca tinham visto tão importante figura antes. Já em Minas passou por Sabará, Itabirito e Vila Rica. Finalmente, no dia 15 de outubro de 1748, D.Manoel entrava triunfante em Mariana.


A chegada e posse do bispo são um capítulo à parte na história da cidade. Nunca se tinha visto tamanha pompa e ostentação nas Minas Gerais. O espetáculo proporcionado pelas autoridades e pela população pode ser percebido nos relatos deslumbrantes de quem esteve presente. Gente chegava de todos os cantos. A praça da Sé foi toda iluminada com lâmpadas de azeite. Das sacadas dos sobrados pendiam toalhas bordadas, finos tapetes e colchas. Ruas foram enfeitadas com flores e jardins. D.Manoel chegou à catedral para a posse montado em um cavalo branco, depois de magnífico desfile pelas ruas da cidade. A narração detalhada deste acontecimento pode ser encontrada no documento "áureo Trono Episcopal".



Museu Arquidiocesano.


Primeiro armazém de Minas, atrás da Casa da Câmara.


Casa da Câmara e Cadeia, iniciada em 1784. Obra do arquiteto José Pereira dos Santos.


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