Da Glória ao Esquecimento
Texto e fotografia: Marcelo JB Resende. REPRODUÇÃO PROIBIDA.
Como não poderia deixar de ser, Tiradentes surgiu com a corrida do ouro no século XVIII. Foi fundada por bandeirantes paulistas, que descobriram filões de ouro nas encostas da Serra de São José. Corria o ano de 1702 e o arraial recebeu o nome de Santo Antônio do Rio das Mortes.
Este mesmo rio foi um dos palcos do primeiro grande conflito pela posse das jazidas de ouro: a Guerra dos Emboabas (ver Falando sobre Minas – Corrida do Ouro). As jazidas eram fartas e logo se formou um núcleo povoado nos arredores da serra. Em 1704 o ouro também seria encontrado no local onde hoje está São João Del’Rei, que foi batizada de Arraial Novo. Santo Antônio do Rio das Mortes ficou conhecida então como Arraial Velho até 1718, quando foi elevado à Vila de São José, em homenagem ao príncipe D. José, futuro rei de Portugal.
Rua Direita
A abundância de ouro financiou uma série de obras e benfeitorias na vila. Igrejas, capelas e várias construções foram contempladas com o que de mais valioso havia nas artes (barroco e rococó). Mestres foram chamados para tocar com sua arte as construções. Aleijadinho, o maior de todos, também esteve por lá. O risco da fachada atual da Matriz de Santo Antônio foi o último executado pelo artista, em 1810. Por volta de 1750 a vila já possuía um imenso território que com o tempo foi se desmembrando em várias outras vilas e arraiais. Deste território nasceram várias cidades mineiras.
No início do século XIX as minas de ouro já estavam praticamente exauridas. A decadência se abateu sobre a vila, em nada lembrando os tempos áureos. A agricultura e pecuária não foram capazes de manter o fervor econômico. A vila adormecia para o mundo, fator que reconhecemos hoje como fundamental para a preservação de seu acervo arquitetônico. O advento da República (1889), em seu esforço para apagar qualquer lembrança dos tempos imperiais, mudou o nome da Vila de São José Del’Rei para Tiradentes. O mártir da Inconfidência Mineira dava nome a uma nova cidade. Começava um tímido processo de valorização do local.
Em 1924 um grupo de intelectuais, participantes da Semana de Arte Moderna (1922), visitou a cidade. Ficaram encantados com o conjunto arquitetônico e artístico e foram decisivos para seu reconhecimento como Patrimônio Histórico, o que aconteceu em 1938. Bastaram algumas décadas para que Tiradentes se firmasse como roteiro obrigatório no currículo de viajantes experientes. Através do turismo a cidade renasceu com todo o seu esplendor.
Vista parcial do Centro Histórico.
Igreja de São João Evangelista.
Prefeitura.
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